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Hoje eu quero falar de uma doença ocular comum que deixa os olhos vermelhos como se fosse uma conjuntivite e que pode gerar dúvida na hora do diagnóstico. Inclusive, toda vez que uma pessoa tá com os olhos vermelhos, eu sei que a primeira coisa que a maioria pensa é numa conjuntivite. E é preciso que a gente esclareça de uma vez por todas que nem todo o olho vermelho é uma conjuntivite. Isso é muito importante. Hoje eu quero falar de uma alteração ocular frequente que é a episclerite. Meu nome é Gilson e eu sou fitalmo aqui em Belo Horizonte. As doenças mais frequentes da esclera tem um caráter inflamatório e a gente pode dividir em episclerite e esclerite. A episclerite é uma doença benigna, ela é autolimitada com inflamação do tecido episcleral superficial, ao passo que a esclerite é uma doença grave, progressiva, com a inflamação dos tecidos epicescleral superficial profundo e também do escleral. Agora, um dado importante, a associação da episclerite e da esclerite com doenças sistêmicas reumatológicas requer investigação sistêmica dos pacientes com inflamação escleral. O que que quer dizer isso? A gente precisa investigar doenças no organismo da pessoa que podem estar levando aquela pessoa a apresentar uma doença ocular, ou seja, uma doença no organismo da pessoa que tá causando uma outra doença nos olhos. Agora, um pouquinho da anatomia. As camadas da esclera são episclera, estroma e lâmina fosca. São nome difíceis, não precisa decorar. Mas a função da epicesclera é de um suporte nutricional da esclera, o revestimento sinovial escleral e também resposta inflamatória às agressões da esclera. Agora, como que eu vou saber diferenciar uma episclerite de uma esclerite? Claro, quem vai fazer isso, quem tem que fazer isso é o médico oftalmologista. A gente precisa fazer um exame completo nesses casos, com acuidade visual, motilidade ocular, biomicroscopia e também uma fundoscopia, que é o fundo de olho, avaliar retina. E um teste muito importante que a gente utiliza nesses casos é o teste da fenilefrina 10%. A fenilefrina é um vaso constritor e ela vai apresentar um efeito muito maior na episclera. Então, se a pessoa tá com uma episclerite, depois de 10 minutos de pingar uma gotinha desse colírio, o olho vai ficar bem mais branquinho. E isso acontece porque esse colírio ele tem mais efeito nos vasos superficiais, justamente os vasos que são mais acometidos na episclerite. Já na esclerite, os vasos que ficam mais congestos são os vasos do plexo profundo, local onde a fenilefrina tem menos efeito. Olha que interessante. É muito bonito, né? Então, basicamente, depois desse colírio, se o olho ficar mais branquinho, o diagnóstico provável é de episclerite. E nesse caso, então, qual que é o quadro clínico da epicclerite? A episclerite é uma doença benigna, ela é aguda e autolimitada. E é uma doença que cursa com um desconforto ocular. Pode acontecer uma vermelhidão, que a gente chama de hiperemia e também um lacrimejamento. E tem geralmente uma duração que pode variar aí entre 2 a 21 dias e tem também uma frequência maior do que a esclerite, sendo que há relato de progressão de episclerite para uma esclerite em 0.3% dos casos. Agora, um outro ponto importante é que a episclerite afeta principalmente mulheres jovens e de meia. Porém, há relatos de casos descritos em crianças com idade a partir de 13 meses. E mais um detalhe, a gente vai encontrar acometimento unilateral em até 2/3 dos casos em adultos e metade dos casos em crianças, podendo até representar uma recorrência no mesmo olho ou no olho contralateral do outro lado. Agora, muito importante também existe uma associação com doenças sistêmicas em aproximadamente 32% dos casos, sendo as mais comuns doenças do tecido conjuntivo, por exemplo, artrite homatoide, granulomatose de Wegner, panarterite nodosa, lupus eritematoso sistêmico. Então, essas complicações oculares são pouco frequentes e geralmente leves. Outro ponto, a gente tem episclerite simples e episclerite nodular, sendo que a primeira, a hiperemia, ela é setorial e às vezes até difusa, mas tem um caráter recorrente, benigno e idiopático. E a nodular a gente vai ter uma informação localizada com edema e formação de um nódulo que pode ser movimentado sobre a esclera. Agora, uma coisa importante, graças a Deus, a maioria dos casos de episclerites não nodulares melhoram de forma espontânea, geralmente de uma a duas semanas após o início dos sintomas. A gente pode usar compressas frias, colírios lubrificantes gelados, corticóides tópicos. E aqui, nesse caso, é importante tomar cuidado por causa do efeito rebote. A pessoa não deve parar de usar assim que melhorar, tem que usar de forma completa. Em alguns casos, a gente pode usar também anti-inflamatórios não hormonais, sistêmicos ou locais como forma de tratamento. É o famoso cada caso é um caso. Olha, a mensagem que eu quero deixar aqui hoje para você nesse vídeo, no vídeo de hoje, é a seguinte: nem todo olho vermelho é uma conjuntivite. O médico ele precisa avaliar isso. É o médico oftalmologista é que vai fazer os testes importantes, os testes necessários, os exames, avaliação para saber se é uma conjuntivite, se é uma episclerite, se é uma esclerite, uma uveite, que é um outro diagnóstico também. E tudo isso que eu acabei de falar pode sim causar um olho vermelho, pode causar um olho que a gente chama de um olho em atividade. E cada caso tem que ser tratado corretamente para não deixar sequela, para poder minimizar o tempo de tratamento para não causar recidiva. Tudo isso visando manter a pessoa com uma visão saudável o resto da vida. E eu acho que você já sabe, o objetivo aqui no canal é de uma manutenção, de uma visão perfeita pela vida toda. Tudo que eu falo aqui, tudo que eu oriento aqui, tudo que eu olha, tudo que eu ensino aqui é no sentido da pessoa ter uma visão saudável. Tudo que eu falo aqui no YouTube, tudo que eu falo lá no Instagram, no TikTok, pessoalmente no consultório, eu atendo aqui em Belo Horizonte, atendo em Montes Claros, atendo uma cidade da Bahia que chama Guanambi. Então, em todos os locais onde eu atendo, eu sempre falo a mesma coisa. É possível ter uma visão saudável a vida toda. Pros meus pacientes, depende de mim, depende deles seguir a orientação, sempre passar as melhores orientações para cada pessoa, para cada caso. Mas depende também da pessoa, depende do paciente. A pessoa tem que seguir todas as orientações. Medicina é uma parceria. O médico tá de um lado com estudo, com orientação, com o tratamento que ele vai passar pra pessoa. O médico fornece todas as condições necessárias pra pessoa ter uma boa saúde. Agora, por outro lado, do outro lado fica o paciente, ele precisa seguir, arrisca todas essas orientações. Mas aí você pode falar: "Ah, doutor, aqui no Brasil tá longe da gente ter uma medicina de qualidade". Olha, OK. Então, a gente precisa mudar o nosso foco. Vamos parar então para analisar tudo. Vamos reavaliar todos os nossos conceitos. A gente precisa mexer no ser humano. Não adianta culpar o lado A ou lado B. Eu já tive inúmeras vezes, por exemplo, paciente pedindo para eu mentir na guia de um convênio para que a pessoa pudesse conseguir um benefício de convênio. Gente, a análise é muito, mas é muito, muito, muito mais profunda. O ser humano como um todo precisa mudar. Então, não adianta colocar culpa nos outros. Olha, eu posso até tá errado, mas essa é a minha forma de ver. E eu quero que você deixe aqui nos comentários o que que você acha que a gente precisa mexer pra gente melhorar as condições de saúde aqui do Brasil. Conta pra gente, divide com a gente, isso é importante. Vamos fazer um fórum de uma discussão, uma discussão saudável. e divide com a gente qual que é a sua opinião. Grande abraço e até o próximo.