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Brincadeira Sem Futuro
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vamos falar de livro de crônica crônica é sempre legal livro de hoje Ricardo teto brincadeira sem futuro lançamento da todavia né não é todo dia nem todo ano que a todavia lança livro de crônica Então vamos dar uma atenção aqui para ele até porque assim eu conheci o Ricardo teto no final do ano passado numa mesa que ele fez lá em São Paulo mediado pela Ana Lima Cecílio e com ele e com o Marcelo Moutinho na época a a Ana Lima que é curadora da da Flip do ano passado Ah e acho que também desse ano estavam homenageando o João do Rio acho que fizeram uma uma mesa de crônica para abordar o lado cronista do João do Rio né que inclusive é um dos lados mais interessantes aí do João do Rio e aí eu fui lá assistir e cara teve um momento em que Hã o Moutinho e o e o o Ricardo terto leram Ah uma crônica deles cada um assim e o Ricardo terto lançou uma crônica do primeiro livro dele que é o marmitas Frias e eu fiquei encantado o cara com a verve humorística do do do sujeito eu fiquei nossa cara esse cara é dos meus assim o cara escreve com com humor e com leveza e com essa coisa tão Brasileira de você fazer essa essa esse esse humor autod depreciativo que que é meio que um escape de de uma condição bosta né em que a gente por vezes está aí enfim achei assim um texto engraçadíssimo qual não foi minha felicidade de saber que dali H algum tempo estavam lançando um outro livro dele pela toda viia o brincadeira sem futuro né achei incrível Aliás a mesa ali também tava incrível Então parabéns a todos envolvidos lá o Moutinho Ana Lima Cecílio estavam incríveis Moutinho fez uma coisa que eu não vou perdoar cara o Moutinho tava falando de cronistas no Brasil Ele olhou para mim na at e falou em Curitiba tem o Pelanda eu falei filho de uma não queira arrumar guerra comigo motinho não faça mais isso porque eu senti assim meu coração partindo nesse momento motinho tá bom só não partiu mais porque tudo bem O luí Henrique Pelanda acho que é assim talvez o melhor cronista do Brasil Então assim ok né Pelanda aí um abraço para você meu irmão então vamos lá aqui nesse livro brincadeira sem futuro o Ricardo terto ele faz ah algumas crônicas a respeito da Infância e da adolescência dele e aqui a gente vê uma infância uma Adolescência eh de um menino pobre negro mantinha ainda uma certa inocência e eu acho que muito dessas crônicas trata do momento de ruptura ou da perda dessa Inocência que são sempre momentos muito marcantes assim pr pra gente e ele faz isso com uma leveza uma leveza assim Graciosa e e e muito bem humorada assim sabe eh achei Principalmente as gracinhas que ele faz aqui no no livro assim achei que elas são todas assim muito preciosas mas a parte que ele escreve bonito também é muito bonito assim e ele e ele faz algumas crônicas bem bonitas eu acho que especialmente as últimas duas ou as últimas três né enf Então as últimas quatro OK tartaruga bolo de lama Antônio e desempregado acho que aqui a gente bem no final do livro não é um livro grande então assim né Dá nem para dizer que tem começo meio fim porque pô são 68 páginas de livro Ele é bem curtinho mesmo mas aqui a gente tem um a gente tem assim um cara que tem um coração enorme e um olhar eh ainda maior assim para para aquilo que existe para aquilo que subsiste de humano no meio desse caos ah Urbano que a gente vê né porque também é isso né uma infância pobre mas é também uma infância muito Urbana e a cidade tá ali com com todos os seus marcadores de cidade grande na vida dele né o ônibus o metrô os doidão na rua né todas essas coisas que a cidade tem o que que o que que difere né uma cidade grande de uma cidade pequena é ônibus para engarrafamento metrô e doidão na rua não é isso que ele diz que ele cresceu na zona leste de São Paulo não sei o que que significa zona leste de São Paulo se Sac e assim e me recuso a me curvar Diante do geografismos de São Paulo onde eu ter que saber qual bairro que é o bom Qual bairro que é o ruim igual os americanos já fizeram com a minha cabeça e agora agora quando eles falam de de de Califórnia eu sei o que que eles estão querendo dizer E quando eles falam de Nova York eu sei o que eles estão querendo dizer também eu H me arrependo muito de ter deixado esses caras entrarem na minha cabeça dessa forma mas não vou deixar que São Paulo faça a mesma coisa comigo tá aliás esse livro aqui acaba sendo uma uma categoria do desafio livrada que é o um autor Paulistano tá o Ricardo Tet Paulistano Então tá aqui já comecei o ano bem tá e aqui fica também a dica para vocês que aí enfim Ach deixaram o o desafio livrada cynical Edition muito pesado cara assim só as categorias são são são são de gracejo em todas elas você pode achar coisas maravilhosas eu tenho certeza que se vocês procurarem vocês acham tá E talvez aí esteja o verdadeiro desafio não o desafio livrada não os amigos que você faz pelo caminho mas a quantidade de livro bom que você consegue encaixar nessa categoria merda que eu criei então assim fiquem com essa lição de vida para vocês vou ler aqui alguns trechos aleatórios tá por exemplo aqui nessa crônica do Antônio é uma crônica que ele fala sobre o pai dele e ele fala que ele nca conversou muito com o pai dele ele achava o pai dele um cara meio burro eh meio grosso e Teve uma época alcolatra que enfim a mãe dele meio que segurou tudo sozinho e tudo mais e ele e e e o título brincadeira sem futuro vem da verdade do pai dele que tudo que ele brincava ele falava que era brincadeira sem futuro inclusive aqui no começo na no texto chamado brincadeira sem futuro ele fala que uma coisa que eu acho que eu achei fenomenal assim meus pais trabalham para os céu chamado um dia para um dia encher a casa de móveis para um dia convidar toda a família para um churrasco para um dia viajar para um dia rever a praia para um dia ter uma televisão grande para um dia quem sabe até ter um carrinho e esse nem precisaria voar porque o futuro era ter o carro em si Antes desse um dia existia terra do por enquanto porque por enquanto tinha que pagar o aluguel a luz e o gás um pouco de carne e alguns bilhetes de Loteria por enquanto também era uma brincadeira com futuro Pois é ele que leva a a um dia mas que grande de coisa pode fazer essa coisa chamada futuro para essa coisa chamada brincadeira cara aqui é um aqui é um cronista aqui é um cronista tá assim isso aqui é é material de crônica muito bem ah viva e respirando sem aparelhos tá vocês Ah cronic tá morto Não tá morto Não para de falar essas porcarias aqui no final ele tá falando que o pai dele ele ele tocava violão que ele andava com a molecadinha roqueira da Periferia então ele ficava aprendendo uns Nirvana no violão o pai dele chegou chamava de de as músicas que ele ouvia de zoadas semem futuro eh e falava curiosamente ele não me enchia com o lance do violão e aí um dia ele tá ali e o pai dele pede o violão emprestado e ele diz assim minha mãe Assistiu o programa Silvio Santos muitas vezes eu via meu pai tentando ser carismático com minha mãe contar uma história querendo chamar sua atenção e ela com todas as histórias que viveu com ele mais os tempos de alcoolismo que segurou a dignidade da família sozinha não atendia a esses apelos facilmente já vi conter o riso de uma piada engraç ada que ele contou Só para que ela só para que ele não tivesse êxito Total então junte isso com a minha teoria sobre insensibilidade e burrice do meu pai e se entende de onde veio a minha convicção de que um momento de vergonha Alia estava se aproximando quer a palheta Ele respondeu que não precisava em seguida se dirigiu à minha mãe e começou a contar que na roça ele tocava viola essa é uma tinta importante ele mostra que o nosso passado também teve um passado Minha mãe só no Ahã continuava olhando pra TV não havia desprezo nem nada era só um vai falando que eu vejo a pegadinha então meu pai faz um dó um sol tá desafinado e afina meu violão em coisa de 5 segundos a essa altura Ao menos para mim o Topa Tudo Por Dinheiro não estava mais em primeiro plano ele começou a falar de uma música do tempo em que ele era do tempo dele que era mais ou menos assim e dedilhou o negócio inacreditavelmente bonito um negócio com textura e cheiro de terra com as notas penteando a paisagem de um Sol sertanejo que se despede até o último fio de luz como se não bastasse veio a voz grave e robusta ela atingia calmamente o solo feit inchada não para plantar mas para desenterrar alguma coisa pude ver nos olhos da minha mãe ainda em silêncio que fosse o que fosse estava ali em algum lugar nem tudo germina só porque é semente e também há coisas que nascem para dentro seu ricaro terto Cara isso aqui é um é um autor aí que não está sendo comentado o suficiente Na minha opinião tá acho que esse cara tem tem alguma alguma coisa a acrescentar em termos de e graça e estilo na nossa literatura aqui na última crônica ele fala sobre as vezes em que ele ficou desempregado ele começa falando curioso pensar que ninguém nasce desempregado você não olha para uma criança limpando ranho na manga da blusa e pensa ah lá uma criança desempregada mas um belo dia você pode acordar com Sea definição depois da vírgula após o seu nome pessoa tal desempregado eu já fiz muita coisa e comecei a trabalhar muito cedo tão cedo que entre os primeiros empregos eu não descobri a condição do desempregado chegava em casa e contava fui demitido por quê Ah o moço falou que eu tomava que cortava tomate tudo errado pizzaria dois meses com 14 anos expulso da igreja depois de xingar o chefe que espalhou que ele roubava o troco da pizzaria e sim né Foi demitido por quê a almoço falou que eu quebrava todos os galões de água entregador de água um mês e qu dias 16 anos expulso pelo dentista por derrubar o galão sem querer e molhar todo o consultório e aí ele fala dos empregos que ele teve E ele fala depois eu fui envelopar exames médicos no cdc e larguei isso para vender livros na Livraria da Vila aquela altura da vida eu já tinha trabalhado até em depósito de reciclagem de metal num galpão todo empoeirado chegando em casa com a as mãos em carne viva Mas foi como Livreiro que pela primeira vez eu saí chorando depois de ser demitido Mas uma vez disseram que o galão era pesado demais para mim eu tava exausto eu tinha trabalhado em fins de semana esperando até o último cliente do Domingo decidir qual a melhor tradução do Russo que ele gostaria de levar me sentindo francamente burro o tempo todo e nem sei como me tornei escritor quando você é demitido no terceiro mês no dia seguinte você tem que procurar emprego de novo foi esse meu grande aprofundamento do conceito de desempregado real e oficial Então tá vendo É por é por meio dessas dessas vivências que ele tem e aqui a gente vê que as vivências dele ao mesmo tempo que são completamente banais primeiro beijo ah matar uma aula ser demitido ver um um um momento de brilhantismo e de humanidade de um pai que ele considera frio impessoal e distante ao mesmo tempo que tem isso é o olhar subjetivo né o olhar do cronista essa coisa fina né E aguçada que entra no meio dessa banalidade consegue extrair dali alguma coisa eh de de substancioso alguma coisa de relevante e de alguma coisa que faça com que você olhe para essas banalidades que você já tem como dado pela primeira vez o tal do estranhamento né do do do tost enfim aquela coisa toda você olha você olha pro primeiro beijo de uma maneira diferente você olha pro que é dormir num beliche ah de uma maneira diferente pela primeira vez depois de você sei lá ter passado anos dormindo no beliche é esse tipo de coisa que a crônica faz com a gente a crônica ela ensina a gente a olhar PR as coisas de novo e ao olhar para essas coisas de novo a gente começa a perceber coisas que a gente não tinha percebido antes e ao mesmo tempo tem a oportunidade de ouro que a gente não tem nem todo dia nem todo o ano nem todo quinquênio que é de processar uma coisa dada pra gente pela primeira vez mais uma vez né mudar em definitivo o nosso olhar sobre alguma coisa se isso que eu falei não é o suficiente para fazer você le crônica meu amigo eu não sei o que fazer tá eu faço a minha parte o resto é com você você é uma pessoa crescidinha já eh leu de tudo foi bem alimentado pelos seus pais estudou em escolas que eu tenho certeza que foram boas tem aí em si todo o aparato crítico para fazer o discernimento sobre o que você deve que você não deve fazer da vida eu tô dizendo leia a crônica Leia Ricardo terto Leia brincadeira sem futuro publicado pela toda viia você faz com isso que você quiser tá bom e é isso galera se inscreva no canal ajuda a gente no cataz dá um joia nesse vídeo comenta que vocês quiserem um abraço e tchau repr like just another like L like think not a Blink not to drink I don't need you drunk rest
Ficha Técnica e Modo de uso:
Eu sou muito bom em inventar brincadeiras sem futuro, diz o narrador deste livro, na pele do menino que foi.
Tirando a parte do sem futuro, ele estava certo.
Pois aquele que inventava as esculturas de poeira com feixe de luz que entra pelas telhas e a batalha estelar de tampas de refrigerante, no beliche de baixo do quarto de pensão onde morava com a família, agora fabula estas páginas comoventes, ásperas e muito originais, trazendo à tona um tesouro às avessas: a indignidade de ser negro e pobre no Brasil, pano de fundo de quase todo o trabalho do autor.