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O Clarão Das Frestas
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Ficha Técnica e Modo de uso:
PREVISÃO DE LANÇAMENTO: 20/01/2025.
Haicai, haikai, haiku: a veneração pelos pequenos e inesgotáveis poemas da tradição japonesa - três versos que captam a beleza fugaz da vida, com imenso poder de sugestão e de reinvenção do nosso olhar - atravessa os séculos e as culturas desde que um poeta chamado Matsuo Bashô (1644-1694), um monge sem mosteiro e samurai sem espada, cruzou o Japão com seu pincel e, por onde passou, soube demonstrar que tudo que existe à nossa volta é extraordinário: o salto de uma rã, um melão na lama, a lágrima do peixe.
Nas páginas do ensaio O clarão das frestas, o poeta, ensaísta e editor Felipe Moreno sai à rua para caçar haicais (sutilíssimo espanto diante de todo e qualquer fenômeno - com preferência aos diminutos e corriqueiros) e encontra um mundo em que, soterrada pela brutalidade de uma forma de vida que espalha destruição, a poesia vibra nas coisas mais banais e ensina a ver tudo ao nosso redor com uma nova sensibilidade.
Diante de seu olhar agudo, as conexões mais inusitadas surgem.
É assim que ele percebe a natureza resistindo: Frio, já é noite.
Ando e ninguém me vê.
Calçada saliente: adoro quando as raízes de velhas árvores levantam o asfalto.
Até mesmo ao comer uma singela paçoca a vida pode surpreender: Nenhum devaneio encantado ou assombro metafísico pode me arrancar do momento em que saboreio uma paçoca.
Quando o perfeito casamento entre o amendoim torrado, o açúcar e a pitada de sal toca o paladar, toda verborragia mental é ceifada pela raiz.
Aqui, eu e a paçoca somos um.
Enquanto caminha ou pedala, Felipe Moreno consegue fazer sua trilha se encontrar com a dos grandes haicaístas, sempre conscientes de que, ao desejarmos transformar a vida em poesia, dois caminhos se misturam diante de nós: aquilo que vivemos quer se tornar poema, mas também o que sonhamos quer se concretizar na vida.